Você já se perguntou até onde vai a utilização dos seus dados biométricos? Com o avanço da tecnologia, as empresas brasileiras estão cada vez mais armazenando informações como impressões digitais e reconhecimento facial de seus funcionários e clientes. E os números comprovam essa tendência. Uma recente pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) revelou que, de 2021 a 2023, a proporção de empresas que mantêm dados biométricos subiu de 24% para 30%. Mas o que isso significa para você e para a sociedade?
O AUMENTO NA COLETA DE DADOS BIOMÉTRICOS: O QUE ESTÁ POR TRÁS DESSA MUDANÇA?
Vamos começar refletindo sobre o que levou as empresas a coletarem mais dados biométricos. Em um mundo onde a segurança e a personalização de serviços são cada vez mais valorizadas, as tecnologias baseadas em biometria oferecem uma solução eficaz para identificar indivíduos de forma única e intransferível. Desde desbloquear seu smartphone até acessar sua conta bancária, a biometria tem se tornado parte do nosso dia a dia. Mas, com grandes poderes vêm grandes responsabilidades. Será que todas as empresas estão preparadas para lidar com esses dados sensíveis de forma ética e segura?
A PREOCUPAÇÃO DO BRASILEIRO COM A BIOMETRIA: VOCÊ TAMBÉM SE INCOMODA?
De acordo com a mesma pesquisa do CGI.br, 60% dos brasileiros se preocupam em fornecer dados biométricos. Esse número reflete uma crescente apreensão sobre a privacidade e a segurança dessas informações. E não é para menos. A biometria, por ser única para cada pessoa, levanta questões delicadas. Imagine, por exemplo, o que aconteceria se esses dados fossem mal utilizados ou caíssem em mãos erradas. Não é à toa que muitos ficam receosos ao compartilhar suas impressões digitais ou ter seus rostos mapeados por sistemas de reconhecimento facial.
SEUS DADOS ESTÃO SEGUROS? A ADEQUAÇÃO À LGPD COMO UMA RESPOSTA
A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), sancionada em 2018, veio para trazer um alívio em meio a tantas preocupações. Desde então, empresas de todos os portes têm se adaptado para garantir que seus processos estejam em conformidade com as novas normas. Entre 2021 e 2023, houve um avanço significativo: a proporção de pequenas empresas que realizaram alterações em contratos para adequação à LGPD subiu de 24% para 31%. Entre as grandes empresas, esse percentual foi ainda maior, saltando de 61% para 67%.
Mas será que essa adequação é suficiente? Será que as empresas estão realmente preparadas para proteger seus dados biométricos da melhor maneira possível?
SETORES ECONÔMICOS NA VANGUARDA DA PROTEÇÃO DE DADOS
Não são apenas as empresas de tecnologia que estão de olho na LGPD. Setores como construção, transporte, alojamento, alimentação, e serviços também têm implementado mudanças significativas para garantir a conformidade com a lei. Entre 2021 e 2023, por exemplo, o setor de construção viu um aumento de 22% para 35% nas adaptações contratuais em função da LGPD. No setor de informação e comunicação, essa adequação saltou de 57% para 66%.
Esses números mostram que a conscientização sobre a importância da proteção de dados está crescendo em diferentes áreas. Mas será que esses setores estão realmente prontos para lidar com as complexidades da proteção de dados biométricos?
A NECESSIDADE DE BOAS PRÁTICAS NA PROTEÇÃO DE DADOS BIOMÉTRICOS
É inegável que a LGPD trouxe avanços significativos na proteção de dados no Brasil. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer, especialmente entre as pequenas empresas. “A pesquisa mostra que houve avanços na conformidade com a LGPD entre as médias e grandes empresas, inclusive em diferentes setores econômicos, mas há espaço para uma maior presença de boas práticas de proteção de dados pessoais, principalmente entre os negócios de menor porte”, destacou Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.
Essa reflexão nos leva a uma pergunta essencial: como podemos garantir que todas as empresas, independentemente do porte, adotem boas práticas na proteção de dados biométricos?
A PREOCUPAÇÃO COM A BIOMETRIA EM DIFERENTES SETORES
Outro dado relevante da pesquisa é a preocupação dos usuários em fornecer dados biométricos para diferentes setores. A pesquisa mostra que os brasileiros ficam mais apreensivos ao fornecer essas informações para instituições financeiras, órgãos de governo e transporte público. Afinal, o que justifica esse receio?
A resposta pode estar na sensação de vulnerabilidade. As pessoas tendem a se preocupar mais quando percebem que seus dados estão sendo utilizados por instituições que têm grande poder sobre suas vidas. Afinal, estamos falando de setores que lidam diretamente com informações sensíveis e que, em caso de vazamento, podem causar danos irreparáveis.
O FUTURO DOS DADOS BIOMÉTRICOS: UMA QUESTÃO DE CONFIANÇA
Com o aumento do uso de sistemas baseados em reconhecimento facial e impressão digital, a confiança se torna um fator-chave. As empresas e o governo precisam aprimorar suas estratégias de proteção de dados pessoais para que possam continuar a utilizar essas tecnologias sem comprometer a privacidade dos indivíduos.
A confiança do usuário é fundamental para o sucesso dessas iniciativas. Sem ela, toda a cadeia de inovação pode ser comprometida. Portanto, é essencial que as empresas invistam em transparência, segurança e comunicação clara com seus clientes.
COMO PROTEGER SEUS DADOS BIOMÉTRICOS? DICAS PARA USUÁRIOS
Você sabia que existem maneiras de proteger seus dados biométricos? Abaixo, listamos algumas dicas que podem ajudar você a se sentir mais seguro ao fornecer essas informações:
- Seja seletivo: não forneça seus dados biométricos para qualquer empresa. Certifique-se de que ela tem uma política clara de proteção de dados.
- Informe-se: sempre que possível, leia a política de privacidade da empresa. Entenda como seus dados serão utilizados e armazenados.
- Use a autenticação de dois fatores: sempre que disponível, opte por essa camada extra de segurança. Ela combina a biometria com outra forma de autenticação, como uma senha ou código enviado ao seu telefone.
- Questione: não tenha medo de perguntar à empresa como seus dados biométricos serão protegidos. Se a resposta não for satisfatória, repense antes de fornecer essas informações.
- Mantenha seus dispositivos seguros: atualize regularmente o software do seu smartphone e utilize aplicativos de segurança para proteger seus dados.
O QUE VEM POR AÍ? A EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO E A PROTEÇÃO DOS DADOS BIOMÉTRICOS
A LGPD é apenas o começo. À medida que a tecnologia avança, novas regulamentações serão necessárias para proteger ainda mais os dados biométricos dos brasileiros. Empresas e governos precisarão se adaptar constantemente para acompanhar essas mudanças e garantir que seus processos estejam sempre em conformidade com as melhores práticas de segurança da informação.
Em um futuro próximo, poderemos ver a criação de normas ainda mais rigorosas para o uso e armazenamento de dados biométricos. A evolução da legislação será crucial para garantir que a privacidade dos indivíduos seja preservada em um mundo cada vez mais digital.
A RESPONSABILIDADE É DE TODOS
A proteção dos dados biométricos é uma responsabilidade compartilhada entre empresas, governo e usuários. Enquanto as empresas precisam adotar práticas de segurança robustas e transparentes, os usuários devem estar atentos e bem informados sobre como seus dados estão sendo utilizados.
No final das contas, o que está em jogo é a confiança. E essa confiança só será mantida se todas as partes envolvidas trabalharem juntas para garantir a segurança e a privacidade dos dados biométricos.
