Você sabia que a desigualdade econômica global está crescendo a um ritmo jamais visto? Um relatório recente da Oxfam traz dados alarmantes que nos fazem refletir sobre como a riqueza está distribuída no mundo e quais as consequências desse cenário para bilhões de pessoas.
UMA ELITE QUE SE ENRIQUECE A CADA SEGUNDO
Enquanto você lê estas palavras, a elite global acumula riquezas em um ritmo impressionante. Somente em 2024, 204 novos bilionários surgiram, elevando o total para quase 3.000 pessoas. Essas fortunas crescem tão rápido que os dez indivíduos mais ricos do mundo ganharam, em média, impressionantes US$ 100 milhões por dia no último ano.
Agora, imagine o seguinte: se você, trabalhador brasileiro, recebesse um salário mínimo e economizasse tudo, sem gastar um centavo, levaria mais de 650 anos para juntar o equivalente ao que esses bilionários ganham em um único dia. Essa comparação ilustra um abismo cada vez maior entre os super-ricos e a maior parte da população mundial, que ainda luta para garantir o básico.
DESIGUALDADE NO BRASIL: O OUTRO LADO DA MOEDA
E o Brasil? Por aqui, a realidade é igualmente desafiadora. Enquanto milhões enfrentam fome, insegurança alimentar e vivem sem acesso a direitos básicos, como saneamento, uma pequena parcela da população detém fortunas astronômicas. Menos de 100 brasileiros concentram R$ 146 bilhões, evidenciando uma desigualdade que vai além da falta de recursos: é fruto de um sistema que perpetua privilégios.
Viviana Santiago, diretora executiva da Oxfam Brasil, destaca que a desigualdade no país não pode ser vista apenas pela ótica da pobreza.
“Ao mesmo tempo em que temos pessoas sem o básico para sobreviver, existe uma elite que continua acumulando fortunas. Isso acontece porque nosso sistema fiscal favorece os mais ricos e penaliza quem já tem pouco. É um ciclo vicioso que perpetua a miséria enquanto alguns poucos seguem intocáveis.”
Esse sistema de impostos injusto faz com que a população mais pobre gaste cerca de 70% de sua renda em consumo, sobre o qual recaem tributos pesados. Por outro lado, os mais ricos se beneficiam de brechas fiscais e, muitas vezes, evitam pagar sua parte justa.
AS HERANÇAS DO PASSADO QUE IMPACTAM O PRESENTE
Outro ponto central do relatório da Oxfam é a relação entre a concentração de riqueza e as heranças do colonialismo. Países do Norte Global, que historicamente se beneficiaram da exploração de territórios e populações, continuam ditando as regras do jogo econômico. Instituições financeiras internacionais, como o FMI e o Banco Mundial, muitas vezes impõem condições rigorosas aos países em desenvolvimento, dificultando sua capacidade de investir em educação, saúde e outras áreas essenciais para reduzir a pobreza.
Além disso, a localização de instituições culturais e tecnológicas – como universidades renomadas e grandes empresas – nos países desenvolvidos perpetua a desigualdade, reforçando o domínio econômico e cultural dessas nações.
HÁ UMA SAÍDA?
Diante de um cenário tão desigual, a pergunta que não quer calar é: existe solução para esse problema? A Oxfam acredita que sim, mas reforça que mudanças profundas são necessárias. Entre as propostas da organização estão:
- Taxar os mais ricos: Implementar políticas tributárias que garantam maior contribuição das grandes fortunas e empresas, reduzindo a concentração de riqueza.
- Reformas estruturais: Transformar a governança de instituições internacionais, como o FMI, para que sejam mais justas e inclusivas, priorizando o desenvolvimento dos países do Sul Global.
- Metas para redução da desigualdade: Estabelecer objetivos claros, como limitar a renda dos 10% mais ricos para que não ultrapasse a dos 40% mais pobres.
- Reparação histórica: Reconhecer formalmente os danos causados pelo colonialismo e promover reparações às comunidades afetadas.
- Cooperação internacional: Fortalecer alianças entre países em desenvolvimento para criar economias mais independentes e sustentáveis.
UMA REFLEXÃO SOBRE JUSTIÇA E IGUALDADE
Há mais de quatro séculos, Miguel de Cervantes escreveu em Don Quixote que “mudar o mundo não é loucura, é justiça”. Essa frase ecoa com força no relatório da Oxfam, que nos desafia a repensar o sistema econômico global.
Será que estamos prontos para agir? Ou continuaremos aceitando um mundo onde poucos acumulam fortunas inimagináveis enquanto bilhões lutam pela sobrevivência?
A mudança pode parecer distante, mas é possível. Tudo começa com a decisão de olhar para a desigualdade de frente e encarar o desafio de construir uma sociedade mais justa. O futuro está em nossas mãos, e a pergunta que fica é: o que faremos com essa oportunidade?
Para conhecer mais sobre as propostas da Oxfam e acessar o relatório completo, visite oxfam.org.
Com informações de Agência Brasil